21 novembro 2010

Angola - #4.3

Chegamos a Lobito por volta das quatro e meia da tarde.
A luz quente do final da tarde imperava. Era... inverno.

Lobito é já uma grande cidade. Ao contrário de Sumbe ou Porto Amboim, a entrada em Lobito é complicada. Muita gente. Muitos bairros de lata. Muita confusão...
Sinalização?... nem vê-la!
O ambiente nos morros envolventes da antiga Lobito já se assemelha mais aos subúrbios de Luanda: milhares de pessoas, jovens, desenrascados, sempre a mexer por entre arruamentos esburacados e com esgotos a correr a céu aberto.
E por entre uma imensa pobreza voltam a aparecer os carrões. Nada que se compare a Luanda, é verdade (aí, acho que nada no mundo se lhe assemelha!), mas os contrastes são ainda assim enormes.
Na foto seguinte, uma gigante Ford Tundra que desce como nós, à baía.



Atravessamos o centro pelas principais avenidas, contornando alguns lagos, canais e... linhas de comboio.
Há cem anos, a construção do Caminho de Ferro de Benguela (Benguela, a província), permitiu que o porto de Lobito tivesse passado a ser um dos maiores entrepostos comerciais em África. Era dali que eram  escoados os produtos que chegavam dos "países ingleses", do interior do continente Africano, servidos pela linha férrea, como a República Democrática do Congo, a Zâmbia ou o Zimbabwe.
Actualmente, com a renovação da linha (pelos chineses, é claro!), Lobito voltou a ser um grande centro industrial... ou quase.
A poluição, como sempre, é mais do que muita e o ecossistema está a ressentir-se fortemente!
A vala do Kassai e o mangal do rio Catumbela (um género de estuário, de águas salobras e lodosas) são um enorme esgoto a céu aberto.
De forma muito mais reduzida do que há 40 anos atrás, ainda assim muitos pássaros afluem a este ambiente aquático.
Aparentemente em vias de extinção, um dos mais emblemáticos, o flamingo cor-de-rosa, teve direito a uma estatueta no meio da vala do Kassai, mesmo em frente aos estaleiros do porto...


Já do outro lado da baía, a vista da restinga estava magnífica!
Admito que este foi um dos locais em Angola que mais me marcou em termos de beleza.
Primeiro, porque o seu estado de conservação, não sendo perfeito, é de longe superior a tudo o que tinha visto até ali.
Depois, porque aquela luz... àquela hora... naquela época do ano, era soberba!



O casino Tamariz.
Um belo edifício de meados do século passado, do melhor período português por terras de ultramar.
Trouxe-me à memória o meu tempo de Cascais. A praia do Tamariz, mesmo em frente ao casino do Estoril.
Bons tempos esses!...


As meninas do Tamariz.
Gostei do efeito do movimento. Tive que a deixar cá.


O local era bonito, mas a luz... ah, essa, era incrível, fantástica!
Não me canso de o afirmar.

Dois locais, acabados de sair das águas quentes do Atlântico.
(sim, por lá o Atlântico tem águas quentes ;-)


A minha menina em perfil, que às horas da escrita destas linhas estava novamente de volta a estas terras quentes (desta vez mesmo, mesmo, quentes, porque em Novembro é a época quente!)


Como é que se escolhe um WB na Nikon para cor-de-rosa?
Não há, pois não!?  ;-)
O céu estava mesmo assim, todo ele cor-de-rosa durante o pôr do sol.
Nunca tinha visto nada igual e não voltei a ver...




Qual o melhor enquadramento para um pôr-do-sol destes?



Desta vez não termino com o pôr-do-sol....
De Lobito, e depois de pousarmos as coisas no hotel, fomos ainda a Benguela jantar.
O restaurante escolhido foi um típico restaurante portuense. "Fininho" de seu nome, decoração azul e branca, com motivos do Douro e das pontes e... francezinhas.
Até a Benguela já chegou esta receita portuense.
Aqui fica o "morcão" agarrado a um belo exemplar!
:-))

2 comentários:

Sara Tavares disse...

Sempre hei-de ter curiosidade de conhecer África, Angola então nem se fala... uma prima por lá e família que viveu lá experiências únicas.
Parabéns pelo blog.
Estou num projecto de viagens que gostaria de partilhar consigo.
Envie-me um e-mail, p.f..
Cumprimentos,
Sara

Daniel Monteiro disse...

Dia muito interessante...