19 novembro 2010

Angola - #4.2

Sensivelmente a meio da viagem fizemos a necessária paragem para o almoço.
A capital da província do Kuanza Sul, Sumbe, antiga Novo Redondo, esperava-nos. 
Depois de atravessarmos um enorme amontoado de pequenas casas e casebres, onde alguns milhares de pessoas sobrevivem e se amontoam pela beira das ruas, chegamos à baixa e à praia.
Com umas praias fantásticas, Sumbe tem umas condições fantásticas para o turismo.
Ou melhor, poderia ter. Mas na realidade... não tem.


De forma semelhante a Porto Amboim, Sumbe é uma cidade calma. Pachorrenta.
(apetece dizer "pequena localidade", mas com mais de 200 mil habitantes... não é possível!)
Não é directamente pelas pessoas que não há condições para turismo, mas quase.
Há uma nítida falta de ocupação e educação da população.
Não há indústria que se veja e, por impossível que pareça, nem sequer agricultura, quando existem quilómetros a perder de vista de terras aráveis e produtivas a toda a volta (como já o foram outrora!)
Mas há que começar por algum lado. Lentamente.


Em Angola, no seu estado actual, se quisermos ver as boas coisas temos que fazer um esforço e passar por cima de muito. De fechar os olhos a muita coisa...
Mas há boa comida (mesmo depois de ouvirmos umas histórias pouco recomendáveis sobre alguma falta de higiene sanitária.....) e boa cerveja, sem dúvida!
Comemos um peixinho gostoso, num restaurante mesmo em cima do areal e debaixo das palmeiras (desta vez sem os cocos de Luanda ou Cabo Ledo ;-)

À saída, passamos junto da "nova" igreja de Nossa Senhora da Conceição, Catedral de Sumbe.
Projecto arquitectónico de 1966, condizente com a juventude da população, estava em construção/recuperação. 
Que seja motivo de desenvolvimento para os habitantes dos sucalcos à Douro, dos arredores!



A menos de 20 km a sul de Sumbe atravessa-se o Cubal, junto a Quicombe, numa das paisagens mais fotografadas de Angola.
Uma "garganta funda", ou canyon, de pedra amarela e lascada.

Mas o ambiente em torno da ponte é, ele próprio, muito interessante.
É ponto de venda de bananas (que devem chegar do interior, descendo o rio (?), de pesca à linha, de lavagem da roupa, paragem de autocarros, ...
Os rios são concentradores de vida. Isso é notório em todas as travessias que fizemos.





Outra das coisas "divertidas" que se vai vendo, motivo de distracção ao longo da viagem, são os acidentes rodoviários.
São às dezenas!
Alguns com carros e, ainda mais "divertidos", muitos com camiões. Basta uma curva mais apertada e... já está!
Também interessantes são os "triângulos" usados para sinalizar estes acidentes.
Qualquer coisa serve, desde que chame atenção.
O ideal: pedaços de pára-choques arrancados no acidente, misturados com ramos de árvore.



Este foi o supra-sumo de "diversão"!!
Usaram a placa de "Evite o acidente" para a sinalização de mais um camião capotado... 
Ou não!?
;-)


Registo de três pormenores:

Sacos de carvão, à venda na beira da estrada.


"Joaninhas" enormes (não dá para perceber na fotografia o quanto!...) a decorar árvores depenadas.


A primeira elevação digna desse nome que vi em Angola.
Não deve ter mais de 400 m de altitude, mas depois de largas centenas de quilómetros, sempre em planície, foi com alguma surpresa que começou a surgir esta serra.


Mais uma travessia de um rio, mais um aglomerado populacional.
No meio de um ambiente monotónico, em tons amarelados e acastanhados, os rios trazem as cores.
Se o verde é natural e aparece na vegetação, o restante espectro aparece... vestido.



O sol estava a baixar e a chegada não estava longe.
As longas rectas estavam a ficar para trás.
Mas há imagens marcantes. Que ficam!




Lobito estava ali, já ao virar da esquina...

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