15 fevereiro 2011

Angola - #5.4

Fecho do dia 5 desta fantástica viagem por terras africanas.
Depois de acordarmos em Lobito e almoçarmos em Benguela, iniciamos finalmente a viagem para Lubango, cidade do interior de Angola.

Logo à saída de Benguela começa-se a subir. A subir uma imensa serra, de onde se vê cada vez mais à distância.
Uma paisagem sempre, sempre em crescendo...



Nestas estradas vai-se encontrando algumas cenas curiosas, nem que seja pela diferença para aquilo que podemos encontrar por cá, em Portugal.
Um exemplo são os meios de transporte. Dois exemplos, de dois camiões, provavelmente ainda do tempo da colonização.
Estes não deviam passar nas nossas IPOs... apenas por falta de air-bags! ;-)



Outra curiosidade: pequenas (pequeníssimas) aldeias junto à estrada, às vezes com apenas duas ou três casas, às vezes redondas, às vezes quadradas, às vezes com telhado de colmo, às vezes com telhado de chapa de zinco...
Mas sempre pequenas.


Só já a cerca de metade da viagem, em Chingoroi (ou Chongoroi) aparece uma localidade maiorzinha.
E o que é que existe bem junto a esta vilazinha?
Um rio, com certeza!


Chingoroi já fica a cerca de 1000 metros de altitude, mas continuávamos a subir.
E se a estrada já estava elevada, ao longe íamos vendo um picos... Altos.
Já lá se percebe que são altos, mas só cá, em "trabalho" de pesquisa, percebi o quanto.
O da fotografia seguinte (lá ao longe, no meio da névoa) ultrapassa os 2400 m!...


Nova curiosidade: por definição do governo, as principais estradas estão divididas em troços com cerca de 60 km, construídos por diferentes empreiteiros.
Isso mesmo verificamos nesta viagem.
O primeiro troço, à saída de Benguela, estava em boas condições, com um asfalto impecável e com (alguma) sinalização horizontal e vertical. Construído por brasileiros.
O segundo troço, construído por chineses, tem um asfalto em mau estado, com algumas crateras gigantes, que tornam a viagem "animada" devido aos constantes desvios e travagens fortes. Sinalização... nem vê-la!
Mas depois, no terceiro troço, vem a "melhor" parte.
Neste terceiro troço rola-se... em terra, pois claro! ;-))



Não é preciso muito para imaginar quem foram os empreiteiros que "construíram" este troço de estrada, pois não?
Não. Foram mesmo os minino. Os Angolanos!
Nestes 60 km nem sequer se rola pelo traçado da "estrada", mas antes por uma "alternativa paralela", com muito mais curvas e altos e baixos, mas com um piso mais macio.
Até os grandes camiões "TIR", que transportam de tudo, até batatas, da África do Sul, passam por esta estrada, a principal a caminho de Luanda.
Absolutamente incrível, uma vez que eles não ultrapassam os 5km/h nestes troços!!

Mas a baixa velocidade permite detectar destas coisas: um monte construído pelas térmitas, ou salalé, como por lá se chamam.
Formigas aladas e arquitectas, capazes destas construções imensas, com mais de 2 metros de altura.


E outra das coisas que me começou por surpreender por estes lados: a quantidade de pessoas que aparece à beira da estrada a vender todo e qualquer produto criado no campo.
O mais vulgar é mesmo o amendoim (ginguba), mas neste caso era um frango.
A senhora vinha a correr para o carro, a segurar o frango pelas asas, ainda vivo.


Quando saímos do último troço de terra do dia, e entramos num troço com o asfalto ainda muito recente, o sol já ia baixo.
É curioso, mas meio ano depois ainda tenho bem fresca a memória deste local. Foi onde trocamos de condutor (a terra foi minha, claro! ;-), pois aproximávamo-nos de uma localidade de dimensões razoáveis, Cacula.
Embora não fosse proibida a minha condução por lá, era melhor não abusar...


Por esta altura a altitude era muita. (que bela frase! :-)
Estávamos a circular a 1600 m de altitude. Não parecia, mas era mesmo assim.
Depois das montanhas terem ficado para trás a paisagem mudou muito. Um imenso planalto, com savana de ambos os lados.
E aquelas árvores. Tipicamente africanas. Fantásticas e extremamente fotogénicas.
Pena que todas estas fotografias tenham sido feitas a correr... sempre de dentro do carro, em velocidade.


Umas das "plantações" menos vulgares e ecológicas da savana.
Não, não é algodão. São plásticos. Sacos plásticos.
Este registo foi feito imediatamente a seguir a mais uma aldeia. Uma aldeia pequena, mas onde se faz uma feira e... no sentido consistente do vento local (norte-sul).
As cores, essas, estavam a ficar no ponto...


... no ponto atingido poucos minutos depois.
Um pôr do sol fantástico, enquadrado por mais uma árvore "daquelas".
Uma acácia, provavelmente.
Um registo digno de mais um postal ilustrado. Digo eu!  ;-)


Estávamos já a percorrer a província de Huila, mesmo a chegar a Lubango.
O sol tinha acabado de se esconder por trás da imensa, altíssima, crista vertical, imediatamente a oeste desta grande cidade.
As cores do céu estavam soberbas, de uma forma que ainda não tinha assistido por terras africanas.


Depois de descarregar a bagagem no hotel fomos à procura de um restaurante.
Estávamos na altura das festas religiosas da cidade e lá, como cá (embora já tenha sido mais), é costume fazer romaria à senhora "da serra".
O restaurante, indicado pelo nosso "guia particular" como um dos melhores da região, estava mesmo ao lado do recinto da festa e de um jogo de quino, que anunciava os números em altos berros, entremeado com uma "fantástica" música... em altos berros.
Mas a primeira opinião confirmou-se: comeu-se muito bem, com um bom acompanhamento líquido, desta vez a cerveja da terra, a N'gola! ;-)



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