23 dezembro 2020

Angola - #8.9

Era uma e um quarto da tarde e faltavam mais de 500 km até Luanda.
Voltamos à viagem e às longas retas.


De passagem, pormenor das casas naturalmente coloridas, construídas de tijolos de barro vermelho.
Terra ferrosa, oxidada.


Já em posts anteriores coloquei fotografias com registo dos incêndios que se vêm por quase todo o lado.
Conhecia a prática de queimar as terras para preparação do terreno para a agricultura, mas o número de incêndios em Angola é fora daquilo que consideraria como "normal".
Resolvi pesquisar sobre o assunto e cheguei à conclusão que tinha razão. De facto, não é normal.

As queimadas são proibidas, mas como é uma tradição que vem de longe... é difícil de abandonar.
As áreas queimadas são enormes, com os incêndios fora de controlo. São imensas as notícias dos danos destes incêndios. Os estragos acumulam-se.
A coisa mais estranha, para mim, é a utilização destas queimadas para a caça, principalmente do animal caçado, o "rato monteiro".
São tantos, que Angola lidera a lista mundial com o maior número de incêndios...


Há cerca de um ano vi um filme que, não sendo diretamente relacionado com este assunto, aborda as queimadas e o imenso mal que estão a criar, principalmente depois da guerra.
Into the Okavango é um documentário, produzido pela National Geographic, com imensa qualidade e que vale a pena ver.


A caminho do norte, entramos na província de Kwanza Sul pelo município da Cela.

A altitude, ao atravessar o vale do rio Keve (ou Queve, ou Cuvo, ...) ronda os 1300 m.
Dez anos passaram, mas este é um dos locais que me ficou na memória. 
Não ficou foi registado na memória da Nikon. As paisagens planas, apenas com uns "picos" lá ao fundo não dão grandes shots...
Uns quilómetros a jusante, valeria a pena as fotografias dos hipos.


Mas estes picos são mesmo picos a sério ;)
Este, que se destaca da montanha Waku, chega muito próximo dos 1900 m.
Mesmo no seu sopé, o hotel Lupupa Lodge. Ficou desfocadamente registado na fotografia imediatamente anterior a esta e por isso não teve direito a aparecer por aqui.
Tendo sido retratado na série Escapadelas por Angola, este hotel de luxo tem muito bom aspeto. Está localizado no meio de uma floresta de pinheiros e eucaliptos, mais típico de Portugal do que de Angola, mas muito agradável na sua verde frescura.



A província de Kwanza Sul e em particular o município da Cela, é das mais produtivas a nível agro-pecuário.
E nota-se!
Esta região central de Angola tem imensa água, imensos rios largos, planos, havendo campos agrícolas por todo o lado.
São quilómetros e quilómetros, a perder de vista...



A capital do município, a cidade de Waku Kungo (ou Uaco Cungo, ou ...) é que ainda não mostrava nenhum desenvolvimento.
Os sinais de abandono do tempo da antiga colónia continuavam evidentes. 
Na fotografia seguinte, um prédio destruído, com um dos incêndios/queimadas mesmo à sua porta (e à beira da estrada)


Não paramos por aqui, nem me lembro de termos abrandado, mas os sinais da antiga e importante cidade de Santa Comba eram diminutos a quem passava na estrada...



.... ou afinal até existam alguns sinais.
Depois de atravessar a parte mais antiga, surgia aquilo que tinha definido a cidade e que agora voltava a levantar-se: a agricultura e os meios instituídos para o desenvolvimento baseado na agricultura.

Ao pesquisar sobre este assunto e sobre a empresa que aparece na fotografia seguinte, a Novagro, apareceu uma informação muito interessante a vários níveis, para futura consulta: o relatório do desenvolvimento para a cooperação do sector privado Angola-Países Baixos.




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