Assim, dirigirmo-nos a sul, a um dos locais propícios para o efeito, Cabo Ledo.
Para chegar a horas, qualquer coisa como chegar lá para almoçar, saímos do hotel relativamente cedo, às 10h. Mesmo ao domingo o trânsito podia estar complicado, mas, felizmente, a saída da cidade fez-se a bom ritmo.
Seguindo pela marginal, depois da baía, aparece a Praia do Bispo.
Continuando a deixar para mais tarde um post mais dedicado aos hábitos e costumes da população, não consigo deixar passar dois exemplos da desordem de Luanda.
... o azul exagerado destas imagens ficou a dever-se a um pequíssimo, ligeiríssimo, esquecimento ;-(...) combinado com o cacimbo, a tal neblina matinal que só desaparece por volta das onze, meio dia.
Ainda assim, o lodo e os detritos estão lá, bem visíveis, num dos locais mais aprazíveis da antiga capital.
Dos 120 quilómetros de estrada até Cabo Ledo, os primeiros 20 a 30 são feitos por entre milhares de pessoas, que emergem dos seus bairros de lata, ou musseques, como por lá se chamam.
Qualquer coisa serve para vender à beira da estrada, desde um simples cacho de bananas, a uma (sim, uma) garrafa de água, ou uma garrafa de 1,5l de gasóleo.
Os mercados assim formados chegam a ser fascinantes, com todas as suas cores e movimento.
O "dedo" a querer fotografar tudo. Todos os pequenos pormenores.
Mas à medida que se vai passando é melhor não pensar muito nas condições em que estas gentes vivem...
Depois dos tais cerca de 30 km a paisagem muda radicalmente.
Em vez de casas de tijolo de cimento e telhados de zinco passa a ver-se cactos, embondeiros e terra vermelha.
Pena o dia nublado que se fez sentir (a previsão que tinha visto na net dava mesmo chuva para este dia...), a impôr um horizonte demasiado curto.
Na fotografia seguinte, ao longe, a definir a baía da Corimba, avistava-se a ilha do Mussulo: o parque de férias do pessoal endinheirado e, também, por aquilo que percebi ao ler umas coisas em vários sites, destino de férias de alguns portugueses.
Começava também a avistar-se os primeiros quimbos ( aldeias antigas, da população africana pré-colonização), de madeira ou tijolo de adobe, com telhados de palha seca.
A cerca de 3 km da linha de costa e já muito próximo do meio da viagem, aparece um desvio para o Miradouro da Lua.
É uma das paisagens naturais mais arrebatadoras que se pode encontrar por Angola.
A erosão da arriba, composta por diferentes tipos de solo, cria umas formações próximas das estalagmites, esteticamente muito curiosas. Estas agulhas apontadas para o céu prolongam-se por quilómetros e quilómetros, até perder de vista.
Em cima, o vermelho predomina. A meio, um material que, devendo ser sal, cristaliza os topos destas torres. Em baixo, estendendo-se até ao mar, a terra amarela acumulada em dunas e crateras dá-lhe um aspecto de paisagem lunar.
As vistas aqui são tão largas que as fotografias não conseguem transmitir a verdadeira dimensão do que por lá se observa. Fica a tentativa...
A portagem da ponte sobre o rio Cuanza.
Ou Quanza? Ou Kwanza? Ou...
É verdade, a língua portuguesa é muito traiçoeira, mas quando misturada com África... é para esquecer!
Se a moeda angolana tem o nome do maior rio que nasce e desagua em Angola, e está escrito "Kwanza" nas notas, porque é que na tabuleta à passagem sobre o rio tem escrito "Cuanza"?
E ainda há quem esteja contra a uniformização da nossa língua...
Ah, a portagem, dizia eu. A única do país, para a ponte que atravessa a barra do rio.
Mas será pela ponte ou pela entrada no Parque Nacional da Quissama?
E será Quissama ou Kissama?... ou Quiçama? ou...
:-)
Deixo o parque da Quissama para mais tarde e chego directamente às praias de Cabo Ledo.
Quando estou a escrever estes "verdadeiros documentários" costumo sempre investigar sobre os vários locais por onde passei e Cabo Ledo é um dos locais com menos consenso que já vi.
Se por um lado é nitidamente um belo sítio para descansar e passar um fim-de-semana à beira-mar, por outro, há quem não compreenda esta maravilha:
É difícil de lá chegar, por uma das mais perigosas estradas por onde andei (até então...); os últimos quilómetros são feitos em picada de terra; para entrar na zona dos restaurantes só pagando; é preciso esperar quase duas horas pela refeição; para o outro lado dos restaurantes tem os tabuleiros dos mal-cheirosos peixes a secar... Enfim!
Mas quando lá se chega... ah, que maravilha!
A fresca da Cuca na mesa, acompanhada pelos belos dos amendoins e, já agora, por boa companhia.
Esquece-se tudo o resto!
A calma reinava.
Sendo "inverno" estava "frio". Pelo menos assim nos era dito.
Neste dia estava mesmo nublado, o que não permitiu, durante todo o dia, que o sol aparecesse, mas, para nós, não estava frio.
24 ºC não é, nem nunca será, frio! ;-)
Como o sol, os surfistas de Cabo Ledo não apareceram, deixando os guarda-sóis à deriva...
Termino esta "metade" do dia, o #2.1, com as mini-damas.
Cinco meninas que brincavam tranquilamente na praia e que atraíram de sobremaneira o olhar da lente, talvez pelo efeito colorido e animado que prestavam àquele ambiente.
Por esta altura já tinha percebido o quão difícil era de tirar fotografias aos locais, mesmo a crianças, por isso aproveitei a oportunidade.
;-)
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