Início da história da visita à terra "dus mininu".
Aos Angola.
É o que dá estar casado com uma "africana de segunda", uma "falsa preta", que não conhecia a sua terra natal.
Aproveitando as circunstâncias actuais, extraordinariamente favoráveis por diversos factores, o período principal de férias deste ano foi dedicado à visita dos locais percorridos pela Mónica enquanto bébézinha.
Como em anos anteriores, vou tentar transmitir fotograficamente a viagem, acompanhando com os relatos e pensamentos que me forem surgindo.
Afinal, já lá vai um mês inteirinho desde que levantamos voo do Porto...À chegada à capital, Luanda, o impacto não foi tão grande quanto esperava.
Às 7 da manhã, e em plena época de cacimbo, o ar estava fresco, a rondar os 20 ºC.
O aeroporto, novo e muito arranjadinho, esperava-nos com todos os procedimentos de segurança necessários à entrada de estrangeiros. Nada de anormal...
Nada como quando aterrei em Cabo Verde, onde o calor intenso e húmido, juntamente com uns aromas "estranhos", africanos, causaram em mim um choque imediato. Aqui, nada!
Bem..., nada..., também não foi bem assim.
Havia um sentido, o da visão, que começou a captar, mal saímos do aeroporto, uns tons e uns ambientes diferentes de tudo o que me era habitual.
A neblina matinal provoca em Luanda uma atmosfera dourada e única, mesmo em território angolano.
Na viagem de carro até ao hotel, conduzidos pelo nosso anfitrião, o pai da Mónica, já fomos dando "umas voltas".
Aquilo que se vê, que chama mais a atenção, é o enorme aglomerado de pessoas nas ruas e acessos principais, a maioria, aparentemente, sem nada fazer.
Mas foi Agostinho Neto, um dos principais elementos no processo de independência de Angola, quem nos fez a recepção mais exuberante.
De braço no ar, parecia que nos conhecia de longe. ;-)
Ali, no largo 1º de Maio, junto à praça da Independência.
Sem entrar ainda numa descrição sobre a população e seus hábitos, não consigo deixar de referir um dos aspectos visuais mais comum a todos os países menos desenvolvidos: a enorme quantidade e dispersão de aparelhos de ar-condicionado e, principalmente, de antenas parabólicas.
Por todo o lado se vêm os discos brancos de captação televisiva, tanto em prédios de apartamentos como nos próprios bairros mais pobres, de telhado de folha de zinco.
Oito e meia da manhã.
Um vislumbrar matinal e nebuloso da cena mais icónica de Luanda, e mesmo de Angola: a marginal da baía.
Embora haja sempre alguma alteração de cor que possa ser atribuída ao próprio registo da imagem (e, claro, ao própio monitor em que se está a visualizar), posso garantir que os tons presenciados ao vivo eram mesmo assim: dourados, dispersos.
Feita em movimento, do interior do carro (como a maioria das fotos feitas lá...), foi pena o espelho ter cortado o reflexo do sol no tapete de asfalto.
Ainda assim, gosto muito desta imagem!
E agora vista de cima, do 15º andar do Meridien lá do sítio (já vista de noite).
Com o sol de costas já se consegue ter uma noção diferente das cores reais.
Mas às vezes era melhor nem as ver muito bem...
Aquelas manchas claras na água, no canto inferior direito da imagem, são de origem pouco recomendáveis ou duvidosas.
São de esgoto mesmo!
E como no segundo post sobre esta ex-bela ex-colónia portuguesa ainda não quero entrar "por aí", volto a virar-me de costas e olho novamente para nordeste, para o sol "cacimbado".
O largo 4 de Fevereiro e a fachada do edifício principal do porto de mar.
Visto de cima, e ainda por cima sendo a um sábado, esta imagem tem um aspecto tão tranquilo!...
Mas para se conhecer o país não se pode permanecer no quarto mais alto, da torre mais alta, do castelo mais alto... da capital.
(de onde é que teria saído isto? ;-)
Há que sair!
O hotel está em obras, assim como toda a cidade, mas continua a ser mais um ícone de Luanda.
É antigo, do tempo em que Angola era uma das mais produtivas colónias portuguesas, e simultanea e inexplicavelmente... moderno.
Está localizado na extremidade de uma longa avenida, a 4 de Fevereiro, e que num futuro próximo será também larga. Muito larga, como já se percebe pelos assoreamentos que foram feitos mesmo em frente ao hotel... e pelo desenho que existe no lobby do hotel.
Na pontinha...
Na extremidade da ilha do Cabo, no seu ponto mais a norte, a água do Atlântico já não está tão conspurcada. Pelo contrário, à vista, a água está mesmo transparente e o fundo baixo, de areia, dá-lhe um aspecto tropical. Verde claro.
O ambiente é descontraído, com a presença de algumas vendedoras de jinguba (amendoim), pescadores e... plataformas de petróleo. Nada de muito anormal!...
E para comer? Bem, para isso há os restaurantes, né... ;-)
Em todo o tempo que permaneci em Angola foram raros os dias em que as refeições não foram feitas em restaurante.
A maioria dos Luandenses almoçam... não sei muito bem como, embora imagine que na própria rua, adquirindo os alimentos, cozinhados ou crus, às quintandeiras existentes em quase todos os cantos e esquinas.
O problema é que os alimentos vendidos na beira dos passeios não são propriamente de confiança dado o estado de limpeza, ou falta dela, que "exala" por todos os poros da cidade...
Assim, a opção recai mesmo em fazer as refeições nos restaurantes frequentados pela parcela da população mais endinheirada. Acontece é que a relação de valores não é propriamente a mesma que existe em Portugal...
O resultado é que uma refeição para quatro pessoas por menos de 10 mil kuanzas (cerca de 83 euros) é muito difícil de encontrar... mesmo que seja uma simples piza com cerveja e café.
Mas as vistas compensam!
Mais uma ronda pela cidade e o respectivo registo de alguns dos pontos mais notáveis.
A qualidade das fotos, tiradas do carro em movimento, não permite fazer uma grande selecção para a publicação, mas ficam aqui algumas.
A igreja da Nossa Senhora dos Remédios, antiga Sé Catedral de Angola e Congo, erigida em 1655 (pelo menos é o que está escrito na placa sobre a porta de entrada ;-)
A rua da Missão, uma larga avenida, das mais arranjadinhas da zona central, ou baixa, de Luanda.
Lá em cima, à esquerda, mais um hotel de 4 stars, o Trópico, que, pelas fotos de apresentação do respectivo site, tem muito bom aspecto.
Cuca. A cerveja. A boa cerveja.
Devo ter bebido uma grade inteira dela naqueles dias.
Leve, saborosa, muito do género da "minha" Super Bock.
Já a tinha provado por cá, mas lá sabia... bem!
A foto, mesmo com os mosquitos esborrachados no vidro da frente, ao longe, com taipais de obras à frente, tinha que constar deste registo.
;-))
A ideia da foto seguinte, como a da grande maioria delas, foi o de registar o ambiente, as casas, enfim, a envolvente da cidade.
O prédio era muito interessante, mas o que acabou de ficar também registado na imagem (e que não consegui reproduzir mais próximo) ainda era mais interessante para mim: uma Transalp branca, estacionada junto ao triângulo de um entroncamento.
Na altura ainda não tinha reparado, mas a polícia (ou melhor, uma das polícias...) circulava de Transalp. O modelo mais recente.
Não consegui tirar outra mais próxima pois... por lá não se tiram fotografias com a polícia à vista, muito menos a eles próprios.
A vista de Miramar.
Do alto, da rua do Almirante Azevedo Coutinho, para a baía, com o sol de frente.
Seriam umas quatro e meia da tarde e para o pôr do sol já não faltava muito. Em Agosto, entre as seis e as seis e um quarto faz-se noite. Escura.
Tipo interruptor. Ainda agora era dia... e agora já é noite. ;-)
A proximidade ao equador tem destes fenómenos, não existentes aqui por Portugal...
Para terminar este já longuíssimo post, o registo das vistas do apartamento do pai da Mónica, na rua Joaquim Kapango, onde fiquei por três noites.
Um final da tarde típico da estação seca, do cacimbo.
Lá está, seriam umas 6:15 na primeira, para a traseira do apartamento, e umas 6:20 na segunda, para a frente do mesmo.
Gosto particularmente dos tons vermelhos, já depois do sol desaparecer, criados pela neblina e captados com um WB para tempo nublado.
E se isto foi apenas o primeiro dia, quero ver quantos meses vou demorar para terminar este crónica!...
Mas vou tentar...
2 comentários:
Que bela viagem fiz agora!!
Espetacular...consegui viajar por Luanda e sentir todas as sensações que transmites no post (cheiros, cores, olhares!!)
Fico à aguardar pelos restantes 9 dias! :)
Humm... já bateu a saudade :-) Neste dia estivemos, também, a visitar a maternidade onde nasci e de noite jantamos com o Drulovich no Restaurante Vouzelense. E a ginguba que comemos na ilha!... era divina.
Mónica
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