07 outubro 2017

Angola - #7.2

Mantendo o ritmo... voltemos ao caminho.

Ao voltar a pegar neste assunto, há tanto tempo esquecido, mas principalmente ao varrer as fotografias do dia, fez-se alguma luz sobre a razão de ter interrompido o relato: são tantas as fotos deste dia que a selecção se tornou complicadíssima, demoradíssima, e tantas outras coisas acabadas em íssima...

Neste dia fiz, apenas (!), 444 registos, e nem sequer cheguei ao final da viagem, pois fiquei sem carga na bateria da Nikon.
Lembro-me de ter ficado muito chateado por não a ter carregado na noite anterior e não poder continuar a fotografar (o telemóvel da altura também não o permitia...)

Para evitar nova "desistência", decidi agora simplificar o processo, ainda que pouco.
Simplificar a escolha fotográfica significa rejeitar menos, portanto mais posts e, em consequência, mais pesquisa para fazer... Nada que não goste de fazer, mas é demorado.


Na pequena vila de Cacula, juntam-se duas estradas: a que segue para nordeste, em direcção a Huambo, e a que segue para noroeste, em direcção a Benguela.
Ainda que Huambo fosse o nosso destino do dia, viramos para Benguela, na estrada que tínhamos cruzado dois dias antes.
As informações que o meu sogro tinha na altura era de que a estrada de Huambo estava em muito más condições, daí a opção. Mas não só por isso, como se poderá verificar nos posts futuros (espero ;)

E se a "outra" estava em mau estado, "esta" não estaria muito melhor.
Voltamos à terra, ou à laterite, o tal solo muito usado em Angola para pavimentação de estradas.
Uma vantagem é que a menor velocidade de circulação permite mais tempo para os pormenores (e assim, mais fotos... ;)

Um termiteiro, ou torre de térmitas (salalé, como se chama por Angola), mesmo ao lado da estrada.


Estrada nacional. Não esquecer!
Das principais de Angola, que liga o norte ao sul. Mais ainda, que liga a capital, Luanda, à Namíbia ou à África do Sul...
E era isto.
Imagino (na realidade nem sei se consigo...) rolar por esta estrada em tempo de chuva!...



Cabras e vacas. Vamos-nos cruzando com elas, muito naturalmente, ao longo do caminho.
Também vão surgindo galinhas, mas essas aparecem normalmente seguras pelas asas, oferecidas para venda, à passagem pelos quimbos ou aldeias.



Também nos cruzamos com vários rios, alguns pequenos e secos, outros mais largos e cheios.
A constante é a estreiteza das pontes. Pontes onde não se cruzam dois camiões pesados, como pude constatar, infelizmente.
Não foi o caso verificado na foto abaixo. Nesta, à porta de Quilengues, não registei nenhum acidente.



Um dos carros que se via muito nesta estrada era o Toyota Rav4.
A tracção às quatro rodas por ali dá jeito. Muito jeito.
Ainda assim, os Corolla também lá circulam em grande número ;)


A cerca de 55 km a norte de Cacula fica Quilengues.
Para mim, e pelos vistos para quase toda a gente, não passa de mais uma pequena vila que se atravessa em viagem.
No entanto, nos seus registos históricos constam antigas e tristes crónicas de lutas bravas dos "Quilengues" contra as primeiras ocupações dos portugueses, já no século XVIII...
Curiosamente, dos dois únicos edifícios que actualmente aparecem referências, fotografei um: a igreja, datada de 1856.


As pequenas aldeias ou quimbos, próximas da estrada, são imensas.
É uma população muito dispersa que vive pelo interior de Angola.
A foto seguinte tem um pormenor interessante, em destaque: um forno.
Não sendo para o leitão assado, imagino que seja para a produção do carvão, vendido em sacos logo ali, na beira da estrada.


Há uns dias, em meados de Setembro de 2017, vi um programa (Viagem ao centro do mundo, na RTP) sobre São Tomé e Príncipe.
No programa, para mim muito interessante, o jornalista Duarte Valente percorria a ilha de São Tome, fazendo algumas entrevistas aos locais. Umas das coisas que ele referiu, que ficou em mim registado, foi o facto de que "as lavadeiras (que ele entrevistou) são personagens interessantes e não meros adereços na paisagem para serem fotografados"...

...  pois foi exactamente apenas isso que eu fiz: fotografar estas mulheres na sua actividade diária.
As cores garridas que usam contrastam de tal maneira com a restante paisagem, que se tornam num motivo de grande interesse fotográfico.
Pena não haver tempo para parar e sair do carro...




As duas imagens anteriores são do rio Chongoroi, mesmo à entrada da vila com o mesmo nome.
Não sendo uma grande localidade, é a sede do município, com quase 100 mil pessoas.
Arranjadinha, pelo menos junto à estrada, tem um posto de combustível "da casa", onde paramos para reabastecer o nosso Toyota Fortuner, versão gasóleo (duro qb, mas com os seus 100 CV estava nitidamente sub-motorizado...)

O registo seguinte tinha mesmo que ser feito.
Primeiro, pelos preços dos combustíveis.
À data de hoje, a taxa de câmbio está qualquer coisa como: 1 euro = 195 Kwanzas
Ou seja, para encher de gasóleo o depósito do Octavia, em vez dos normais 70 euros chegariam 8 euros!!...
(com o câmbio de 2010 ficaria ainda mais barato)
Segundo, saber que não poderia circular por estes caminhos com o Pajero Pinin, uma vez que não têm gasolina sem chumbo!!...
Como é que um país produtor de petróleo não tem gasolina sem chumbo?
Estávamos em África.


E é assim, já na província de Benguela, que me fico por hoje.

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