25 abril 2011

Angola - #6.2

Leba, em Angola, é nome de serra.
Mas não é uma serra qualquer!
Verdadeiro ícone, a serra da Leba é uma enorme e natural muralha, que obrigou a um gigantesco exercício de engenharia para a ultrapassar.
No sentido Lubango-Namibe, aquele que fizemos de manhã, desce-se do planalto, a 1700 m, muito rapidamente para os 700 m de altitude!!
Para notar a escala "da coisa", de reparar, na primeira imagem, num camião "TIR" avariado logo na primeira curva mais apertada, de baixo para cima.



A passagem é feita por uma estreita brecha, por entre aqueles maciços rochosos, numa estrada com curvas em zigue-zague.
Só a estrada já chegava para tornar esta viagem memorável, mas a combinação da estrada com aquele pendente é mesmo impressionante!
Pena que o dia não estivesse totalmente claro para que as fotografias ficassem um pouco melhores. Mas já assim não dá para queixar muito ;-)




No sopé desta massiva montanha ainda tem uns quilómetros de "verde" (apontamento que deixo para um próximo post) mas logo o deserto entra em cena.
O deserto do Namibe, o mesmo que cobre grande parte do país com que Angola faz fronteira a sul, a Namíbia.
A paisagem aqui passa, primeiro, por ainda ter alguns arbustos rasteiros, mas rapidamente passa a ser completamente seca.
Mas o que mais me impressionou foram os enormes "calhaus", aparentemente graníticos, que "por lá foram largados" e por entre os quais a estrada vai serpenteando enquanto desce ao nível do mar.
Os da fotografia seguinte atingem alturas entre os 150 e os 180 m, mas o maior, um pouco atrás, chega aos 800m !!




Quando se chega ao vale do rio Giraul (ou Giraúl) tem-se uma surpresa :-o
Um perfeito oásis verde, para quem já vem, há uns largos quilómetros, a atravessar a secura do deserto.
Secura e calor. Um imenso calor!
Não sei qual a temperatura atingida (o carro não tinha termómetro) mas era garantidamente... muita ;-)
Em todo o périplo africano o deserto foi o único sítio onde se sentiu calor dentro do carro, mesmo com o ar condicionado no máximo!!...


E hoje, ao procurar informações sobre o rio Giraul, percebi que a ponte de Giraul de Cima, que permite(ia) a passagem de Lubango para Namibe... desabou com a enxurrada que houve há uns meses.
Quando lá passamos, em Agosto passado, nada o fazia prever.
A estrada e a própria ponte tinham um aspecto extremamente robusto. Mas a razão principal para dizer que nada o fazia prever é a cena da imagem seguinte: a feira da localidade, instalada em pleno leito seco do rio!...


Depois de atravessar o vale volta-se ao deserto.
Durante quilómetros os tons caqui e castanhos são rasgados apenas pelo preto do asfalto.
Curiosamente, mesmo debaixo daquela tórrida temperatura, a estrada está em perfeitas condições e bem sinalizada.



O deserto estende-se mesmo até à cidade.
Antes de lá ter estado já tinha visto umas imagens do Namibe, num programa da RTP onde vários jovens portugueses relatavam a sua experiência de viver lá actualmente. Tinha visto as imagens do deserto, mas não tinha percebido o quão isolada estava a cidade...
Mas enquanto o deserto ficava à porta, o nevoeiro entrava portas dentro!
Namibe fica "por baixo" daquela faixa cinzenta, lá ao fundo...


E por hoje fico-me por aqui, pela passagem na ponte 10 de Dezembro, sobre o rio Bero, mesmo à entrada de Namibe (ao fundo, no sentido do mar, é visível ainda a ponte ferroviária).
O Bero era apenas mais um rio seco que por esta altura estava convertido numa verdadeira horta.
Imagino como aquilo teria ficado depois da enxurrada....



22 abril 2011

ReconhecimenTTo por Montalegre

E não é que é verdade? Não há duas sem três!
No último fim-de-semana fiz o terceiro reconhecimento do ano.
Desta vez de TTransalp e por terras bem, bem, nortenhas.
Começou no Minho, perto da Caniçada, rio Cávado, e acabou em Montalegre, já em Trás-os-Montes.




O objectivo desta vez é um passeio de fim-de-semana para motos Trail do Moto Clube do Porto.
Ao contrário do último, considerado de alto nível de dificuldade, este deverá ser... de menor dificuldade.
Circular fora-de-estrada nunca pode tomado como fácil, mas ao fazer este reconhecimento tentei cortar ao máximo os trilhos mais complicados... depois de passar por eles, é claro! ;-)




Aproveitando mais um fim-de-semana fantástico, embora uma vez mais com previsão de chuva ;-), eu e o Fernando Magalhães circulamos por trilhos de vistas enormes.
Começamos pela aproximação e "escalada" da serra da Cabreira, continuamos em direcção a leste, passando junto às aldeias de Campos e Linharelhos e descendo às minas de volfrâmio da Borralha.

Atravessamos a vau um dos cursos de água com o nome mais difícil de encontrar que já alguma vez vi!...
Ribeira de Amiar.




Antes de chegarmos à albufeira do Alto Rabagão, local de paragem para o almoço, cruzamos as Casas da Serra, mesmo no alto da serra de Barroso. Zona pedregosa esta!
Tão pedregosa que para descer de lá não é fácil... mas é divertido.
Depois de iniciar a descida já não havia alternativa. Havia que chegar lá baixo e tentar arranjar alternativa para manter o passeio simples.
Mas as primeiras que experimentamos ainda eram piores do que a que fizemos. Acabamos por arranjar uma com muito boas vistas, por entre as eólicas Barrosãs.



O início da tarde é feito junto às rmargens deste enorme lago formado pela barragem de Pisões.
Um início bem nas calmas, para permitir que a vitela assente convenientemente ;-)
Com uma luz extremamente brilhante, este foi um verdadeiro teste para a Olympus Tough TG-610, a minha nova Todo-o-Terreno.




Depois de uma incursão pelos estradões do parque natural da Peneda-Gerês, e de evitar/contornar mais uma das grandes e molhadas dificuldades do percurso, chegamos a Montalegre.
Cansados. Bué de cansados, mas sem ter esquecido os calções e os chinelos, fomos aproveitar a piscina, a sauna e o banho turco do hotel.
Nice! Very nice!!;-))


No domingo, o objectivo "limitava-se" a uma voltinha por terras montalegrenses, até à aldeia das bruxas, Vilar de Perdizes.
A terra do padre Fontes estava vazia de gente quando por lá passamos. Em domingo de ramos estavam todos na missa ;-)
A aldeia em si não tem muito para mostrar, mas os trilhos escolhidos para lá chegar sim, por meio dos campos e montes.




Para o final está reservada a escalada à serra do Larouco.
Não fomos pela "frente", pelo estradão usado pelos parapenters, mas por "trás", por um trilho um tanto complicadote. A alternativa é pela estrada para quem não quiser arriscar, num percurso que em distância é um pouco mais longo.
A vista lá de cima, dos quase 1500 m, é fantástica!


Mas na serra do Larouco, além da vista, outro grande ponto de interesse é a visita à nascente do rio em cuja foz terminamos o último passeio: o rio Cávado.
E aqui estão preparadas as máquinas para a última travessia a vau do dia. ;-)



A chegada a Montalegre é feita à hora do almoço, onde faremos a terceira refeição conjunta com o "pessoal da estrada" deste fim-de-semana.
Vão ser dois dias de "arromba"!
Quem está com vontade para esta aventura?
Quantos são, quantos são?



13 abril 2011

ReconhecimenTTo pelo Douro Superior

Magnífico. Memorável. Fantástico.
Difícil é escolher um único adjectivo para caracterizar o último fim-de-semana, passado "lá em cima" no Douro Superior.




Se em 2009 já por lá tinha andado "perdido" aos comandos da Transalp, desta vez a montada não tinha uma, mas 4 rodas motrizes.
Com o Pajero Pinin as sensações são diferentes mas a beleza do local continua em alta. A beleza, os aromas inebriantes e a companhia.
Em preparação de um passeio para os amigos do Clube Audio TT, andei por terras do Douro Superior em companhia da Mónica, a minha co-pilota preferida ;-), do Rui Martins e da Luz, no seu sempre fiel UMM Amarelo.




Tendo viajado na sexta-feira ao final da tarde, chegamos a Freixo-de-Espada-à-Cinta já de noite.
O local escolhido para passarmos as duas noites, por estas terras do Alto-Douro vinhateiro, foi uma das Moradias do Douro Internacional, na Congida, geridas pela CM da localidade de Freixo.
Um local fantástico, junto ao rio Douro, onde as casas estão disfarçadas, "enterradas", nos socalcos da encosta.
Calmo. Pacífico. Relaxante. Onde só se ouvem os pássaros.
Para quem gosta de shoppings e de confusão, a Congida não serve...




Em 2009 já lá tinha passado uma noite, mas com a "pressão" da prova do WTC, que obrigou a passar hora e meia com a preparação da estratégia do dia seguinte, não deu para disfrutar convenientemente as instalações e o ambiente.
Desta vez, pelo contrário, as noites foram bem relaxadas.
Tendo acordado bem cedo nos dois dias, as manhãs permitiram apreciar o ambiente que se vive nestas terras.
Ver nascer o sol aqui é mágico.




Mas afinal, nós não estávamos lá para disfrutar, mas para trabalhar!
Há que partir à procura dos maus caminhos que a região tem para oferecer.
O WTC tinha permitido fazer uma selecção de alguns dos pontos de interesse, mas havia que definir um percurso "em linha" e fora-de-estrada.
Mas este vai ser um passeio com um toque ligeiramente diferente daqueles que são normalmente os passeios do Audio TT.
Será um passeio essencialmente turístico, com muita, muita, paisagem para absorver!




Mas se alguns dos estradões da região foram recentemente alcatroados, a componente TT também está assegurada.
Caminhos de terra batida, entre campos, ou pelo meio das serranias, caminhos planos, junto ao rio, ou nos picos mais altos, ao lado de vários marco geodésicos.
Fiz uma selecção de algumas (das muitas) fotos que fomos fazendo ao longo dos dois dias.
Assim, sem uma explicação, não dá para perceber tudo, mas acho que já dá para perceber alguma da beleza da região.
Digo eu, convencido! ;-)




Para sábado está prevista uma visita guiada à vila de Freixo-de-Espada-à-Cinta, "oferecida" pela Margarida, pelo que, quer a parte da manhã, quer a parte da tarde, foram feitas "à volta" da localidade.
De manhã para sul, com uma passagem num dos pontos que retive, logo em 2005, quando por lá passei no Lés-a-Lés desse ano: o miradouro de Penedo Durão.
Não se esquecem aquelas longas vistas, sobre o Douro e terras espanholas, e menos ainda os abutres, grifos e águias, gigantes passarões que teimam em pairar sobre as nossas cabeças...




De tarde fomos para norte.
A passagem na aldeia de Mazouco permitiu observar uma pequena localidade com casas antiquíssimas, muitas abandonadas, mas com algumas crianças pelas ruas, a brincar.
Por ali estamos bem no interior do território mas, ao contrário do que tem vindo a ser normal, esta região não foi abandonada. Os campos e montes estão bem aproveitados a nível agrícola, tendo como resultado a fixação da população.
Nesta parte do passeio temos algumas das maiores dificuldades a nível de TT, mas ainda assim nada de muito especial: alguns corta-fogo bem compridinhos e umas veredas em encostas bem verticais... "logo ali".




E para finalizar em grande esta crónica, falta ainda referir a bela da posta, a vitela e o polvo à lagareiro.
Tudo pratos típicos da região, testados e avaliados (e que bem!), tanto em Freixo como em Torre de Moncorvo, localidade onde irá terminar o passeio.
Depois de cerca de 60 km, no domingo chegamos a Moncorvo cheios de vontade de provar a comidinha local.
Mas só nos consideramos satisfeitos depois de experimentar outro dos produtos típicos: as amêndoas, ao natural, com açucar ou com chocolate. Ali, no centro, junto à igreja.
Vamos lá voltar, com certeza! ;-)


E agora pessoal?
Vamos lá a marcar a presença?