03 setembro 2008

Azores 2008 - 5

Este foi o segundo dia com o Clio e em que decidimos partir à descoberta da zona leste da ilha, numa volta consideravalmente maior do que a do dia anterior.

O primeiro ponto principal a explorar seria a Lagoa do Fogo.
Basicamente, há duas maneiras de lá chegar: pela via rápida até Ribeira Grande, como tínhamos feito dois dias antes, no autocarro, ou seguindo até Lagoa e depois apanhando uma "estrada principal" (segundo o mapa) também até Ribeira Grande mas passando por Remédios e por um miradouro sobre a lagoa.
Optamos pela segunda hipótese, mais interessante, à partida. Mas rapidamente começaram os problemas de navegação...
O mapa que tínhamos não tinha escala e a sinalização rodoviária local é muito deficiente. As indicações resumem-se apenas às "grandes" localidades, o que para escolher uma entre várias opções... não serve de nada.
Depois de sair em Lagoa virei para norte na estrada, pensei eu, que tinha escolhido. Só que a "estrada principal" rapidamente passou a terra batida... Ainda assim resolvi seguir (mesmo com uns pneus da frente a roçar a ilegalidade...)
E não é que a primeira sinalização que apararece indica uma localidade na costa norte, mas para oeste de Ribeira Grande (Rabo de Peixe)... Como é que é possível?? Claramente não estávamos onde devíamos estar.
Bom, depois de uns recuos e retrocessos (...), lá voltamos à via rápida. Pelo menos ali não nos perderíamos !-)


Na subida da encosta para a Lagoa do Fogo demos com mais um ponto de (grande) interesse: o "Monumento Natural Regional" de Caldeira Velha.
O acesso, pedestre, aos pontos principais, a caldeira e a cascata, é feito por uma verdadeira vereda tropical (esta fez-me lembrar da última telenovela que vi, há centenas de anos... :-)


A água, que para não variar, é extremamente férrea, deixando as paredes e caminhos totalmente vermelhos o que, em contraste com o verde da vegetação, provoca um constraste de cor muito interessante.
A imagem (que se tivesse sido tirada de uma posição mais elevada teria concerteza outro efeito...) é muito romântica: um casal de namorados a abraçarem-se debaixo da cachoeira, num cenário perfeitamente idílico...


E de uma forma semelhante ao que tinha acontecido na Lagoa das Furnas, a do Fogo estava coberta por um espesso manto de núvens.
Como já estávamos alertados, resolvemos esperar um pouco, a "ver o que dá"!
Dois minutos depois, a esperada abertura.
Et voilá, a magnífica lagoa de águas claras aos nossos pés :-)


Voltamos a descer pela mesma estrada (a alternativa era um caminho de terra pouco recomendado à viatura (ah, saudades do Pinin... ;-)
A direcção agora era Nordeste, pela estrada marginal à costa norte.
Distância, ninguém sabe, mas iria ser demorado! A quantidade de curvas assim o fazia prever. Os miúdos a dormir e a hora de almoço a chegar...
O único ponto de paragem intermédio foi algures entre Algarvia e Santo António, numa ribeira com cascata. Tudo muito arranjadinho, num jardim à beira estrada!


Nordeste é uma vila muito interessante.
Muito afastada e com maus acessos desde ponta delgada, é no entanto uma localidade muito agradável, que vale bem a visita.
Notou-se ainda que está muito menos virada para o turismo, durante o almoço. Fomos ao, aparentemente, único restaurante de dimensões razoáveis (dará para uma 40 pessoas?) mas que às 14:30 estava pronto a fechar. Fomos os últimos clientes a ser servidos e quando saímos tivemos que destrancar a porta...
No entanto, o peixe, mais uma vez, estava impecável !-)


E foi em Nordeste que fotografei o pássaro que dá o nome ao arquipélogo: o Milhafre.
É verdade!
Segundo as histórias que por lá ouvimos, os exploradores que nomearam as ilhas ter-se-ão enganado no pássaro. Muito parecidos, o Milhafre e o Açor, confundiram os navegadores (que deviam perceber mais de pássaros marítimos... ;-)
Mas esta confusão encaixa perfeitamente na restante história. É que ninguém sabe ao certo quem é que descobriu os Açores, nem em que ano...


De partida, resolvemos tomar a estrada interior, alternando com a marginal que tínhamos utilizado até ali.
E por tudo o que vi, a escolha não podia ter sido mais acertada.
Para começar, entramos novamente numa estrada de terra batida, sem sinalização, que começava a subir. Embora sentisse que estava na estrada correcta, a dúvida instalou-se. Para confirmar, parei junto da primeira pessoa que vi: um agricultor, a já uns bons 5 km de distância de Nordeste. Era mesmo por ali.
Mas mesmo que não fosse, as vistas estavam a compensar o possível engano!


Entramos na Serra da Tronqueira, onde fomos encontrar a "Reserva de Protecção Especial do Pico da Vara / Ribeira do Guilherme".
E eu que não sabia que o Guilherme tinha uma ribeira :-)


Fiquei a achar que esta era uma das zonas mais bonitas de São Miguel.
A Laurissilva é simplesmente incrível e o Pico da Vara soberbo, com a sua paisagem monumental!


Quando chegamos ao asfalto parecia que tínhamos chegado à civilização. É que depois de viajar por entre estreitos "desfiladeiros" de 30 m de profundidade (por entre aquelas ávores altíssimas e muito juntas) ou junto a vertentes com cerca de 100 m de altura, o asfalto trás algum conforto.
(algumas situações passam a ser vistas de outra perspectiva a partir do momento que se tem dois nicos a viajar connosco...)


Um facto curioso que constatei nos Açores é relativo aos nomes das suas localidades:
Ribeira Grande porque... lá existia uma...
Água de Pau porque... a água da ribeira estava a sair de um tronco oco.
Água de Alto porque... existe lá uma alta queda de água.
Vila Franca do Campo porque... na vila franca (que não tem alfandega) foram plantados muitos campos (é uma zona muito plana, relativamente ao resto).
Nordeste porque fica... imagine-se...
Povoação porque...
:-)


E assim chegamos nós a... Povoação.
Embora bonita, a larga ribeira a passar pelo meio da localidade trouxe-me à memória a tragédia que ocorreu numa outra aldeia açoreana, há cerca de 3 anos (?), onde as enchentes e deslizamentos de terras arrastaram várias casas para o mar...


E, nesta situação de denominações de localidades e lugares, onde mais é que poderíamos parar para fazer a merecida praia ao final da tarde?
Em Praia, concerteza ;-)
Uma vez mais, uma "areia morena" que se cola ao corpo.
Foi difícil de arrastar de lá os nicos sem trazer junto dois quilos de lama ;-)

1 comentário:

Anónimo disse...

JFAlves há pelo menos dois restaurantes no Nordeste um ao pé da Igreja e um ao pé do campo de futebol do nordestinho. Quanto a freguesia que teve deslizamentos é a Ribeira Quente , fica antes da povoação e ao pé das furnas e já foi há mais de 3 anos