Eram 3 da tarde.
Conseguir agora não "discorrer" sobre o assunto é difícil, pois apetece. Mas não cabem aqui grandes descrições, pelo que tudo o que referir a seguir vai parecer "levezinho" (parecer... e ser!)
À semelhança da maioria das localidades de Cuanza Sul, as terras de Quibala são muitos produtivas e a sua população trabalha essencialmente na agricultura ou pecuária.
O atravessar do rio Cuanza fazia-nos também atravessar a fronteira entre províncias.
Ainda na província de Cuanza Sul, passávamos numa pequena vila que eu nunca tinha ouvido falar até então, Quibala.
E agora que penso, acho que nunca mais ouvi falar...
Não conhecia, mas a fotografia seguinte deixou-me curioso. Algo que se assemelhava a um castelo medieval, com as suas muralhas e torres altaneiras, a encimar um valente maciço granítico.
Ali?...
Fez-me esgravatar um pouco mais a história de Angola para chegar à origem de Quibala.
Conseguir agora não "discorrer" sobre o assunto é difícil, pois apetece. Mas não cabem aqui grandes descrições, pelo que tudo o que referir a seguir vai parecer "levezinho" (parecer... e ser!)
Deixo apenas algumas fontes usadas no meu "estudo". A primeira, a mais académica e muito completa, retrata a "História económico-social de Angola: do período pré-colonial à independência".
Chegar à origem daquela construção, o Forte de Quibala, também não é fácil.
Todas as fontes são demasiado vagas. Apontam apenas para o final do século XIX, na sequência da segunda fase do colonialismo e da decisão de estabelecimento de população no interior do território.
O forte durou até Portugal ter abandonado o território, ou seja, aproximadamente cem anos de utilização.
Há dez anos estava em ruínas e parece que não melhorou muito, ainda que em 2017 tenha passado a monumento classificado pelo governo angolano.
Tendo Quibala uma origem bem antiga, a "Quibala portuguesa" cresceu como mais um ponto de passagem e de cruzamento. Dali podemos tomar a estrada para oeste, em direção à costa. A cerca de 160 km fica Sumbe, a capital da província.
E talvez por ser um ponto de cruzamento de estradas, foi absolutamente devastada pela guerra.
As antigas casas e prédios portugueses, tiveram uma vida muito, muito curta...
Mas já era assim no século XX...
Destruído o seu antigo edifício em Quibala, a União dos Agricultores Angolanos continua a existir.
Como em tudo, é preciso olhar para a frente.
Em pouco mais de 10 anos de paz começaram a haver indicadores de que a melhoria das condições de vida eram possíveis.
Depois de uma paragem para combustível, voltámos à estrada.
A saída de Quibala e as suas longas retas...
Mesmo não sendo autoestrada, o pouco trânsito e as longas retas desta nacional, a EN120, permitem médias muito aceitáveis, a rondar os 110 km/h (temos de esquecer por aqui as imagens dos carros e camiões completamente destruídos, ao longo da estrada...)
Eram 4 e meia e o planalto central angolano tinha ficado para trás.
Passávamos em Cambambe, numa ponte sobre o rio Cuanza que já não existe, ou melhor, que está atualmente submersa.
Em 2017, a conclusão das obras de ampliação da barragem de Cambambe implicou a construção de uma nova ponte. Impressionante, o aumento da produção elétrica, que passou dos 260 para os 960 MW!
Mais impressionante é a nova barragem a jusante de Cambambe, de Caculo Cabaça, a maior de Angola. A albufeira já encheu mas o aproveitamento hidroelétrico ainda não começou. Está previsto para 2024, com 2,2 GW!!!
O Cuanza termina precisamente por ali uma descida bastante acidentada, que o torna inavegável para montante. Se agora é na albufeira de Cambambe, antes desta existir era um pouco "abaixo". Precisamente por esta navegabilidade do rio, era em Cambambe que ficava o "posto mais avançado" da armada portuguesa, construído no início do século XVII, depois dos de Muxima e de Massangano, a jusante. O forte serviu de guarnição militar, presídio e, principalmente, de entreposto de mercadorias, entre elas o principal produto, escravos...
Imagens que ficam para a história, de uma paisagem que já não existe.
De Cuanza Sul passamos para Cuanza Norte.
Faltavam "apenas" 200 km de longas retas, com os Pajero Io (os Pinin lá do sítio) a passar por nós ;)
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