11 janeiro 2020

Vigésimo ano, em vinte-vinte

Se a idade adulta já atingiu há um ano, sem ter recebido qualquer prenda, o Pajero Pinin merece agora que olhe para ele.
Só um pouquinho, para não ficar "baidoso" ;)


Entrou hoje no seu vigésimo ano de vida. Há 18 nas minhas mãos.
Já são muitos anos, muitos quilómetros percorridos, por muitos terrenos. Alguns bem complicados!...
Já tem "coisas", "coisinhas". Manhas, até.
Como com qualquer companheiro, é preciso aprender a viver com isso.

Mas hoje ainda não me apetece comentar sobre isso.
Vou-me ficar pelos consumos, agora que estava a registar a última entrada na sua listagem Excel.

São já 165.104 km. Cento e sessenta e cinco mil quilómetros!...
Cento e quarenta mil destes feitos mim.
Não parece muito, mas para quem faz (quase) apenas casa-trabalho, no meio do trânsito... é muito!
Muito desgaste.
E o restante... é no monte.
Muito desgaste! Mas nem parece.

Desde junho de 2002 já "investi" 19.630,28€ em gasolina, num total de 13.944,1 litros.
Vinte mil euros em gasolina!!...
Números duros, estes!

Média geral, 9,99 L/100 km.
É muito? Talvez. Mas corresponde exactamente ao anunciado pela Mitsubishi.
Até menos, se considerar que este consumo é feito essencialmente em cidade, no trânsito, com médias de velocidade na ordem de 30 km/h.

Mas este consumo tem sido muito variável ao longo dos anos, por vários motivos... em que dois dos principais são a qualidade da gasolina e a limpeza interna do motor.
Por exemplo, em 2019, e depois de um problema grave, em que ficou completamente "entupido", teve de sofrer uma "limpeza radical".
Custou, mas o resultado foi bom!

Mitsubishi Pajero Pinin - médias de consumo anual
Há períodos, meses até, em que não consigo dar um passeio com ele.
Limito-me, apenas e só, aos 13 km para um lado, 13, para o outro, do dia-a-dia.
Qualquer coisa a variar entre os 6 e os 9 mil quilómetros por ano.
O salto de 2004 para 2005 está relacionado com a entrada de mais duas rodas na jogada.
7975 km/ano, a média que tenho em todo este tempo.

Mitsubishi Pajero Pinin - quilómetros percorridos anualmente
"Curioso", o gráfico seguinte, com a informação de custo de combustível por cada 100 km percorridos.
Integra informação não só do que o carro gasta, mas também e essencialmente, do custo do combustível.
É notório uma subida até 2011, com uma descida em 2009... ano de eleições.
Uma descida de 2012 a 2015 e de volta à subida a partir de 2016.
No mínimo, curioso!
Em 2019, a descida é justificada pela já referida limpeza interna do motor, que provocou uma descida de mais de meio litro de combustível aos cem...
Estatisticamente, em 18 anos, tenho uma média de 14,07 €/100 km.

Mitsubishi Pajero Pinin - custo de combustível por 100 km

05 janeiro 2020

Angola - #8.2

Depois da visita à zona industrial da Chiva, e de regresso ao centro da cidade, passamos junto às bombas de combustível da Sonangol, que tinha um número considerável de clientes.
Pois... não admira! Com aqueles preços, até eu ;)
Gasolina a 40 kwanzas e gasóleo a 29, o litro.
"Traduzindo" para euros (com a conversão de hoje, pois não me lembro da relação de há 10 anos...) dá qualquer coisa como:
Gasolina a 0,074€ e gasóleo a 0,054€, o litro.
Na Galp, hoje, a gasolina está a 1,609€ e o gasóleo a 1,506€. O que dá qualquer coisa como 22 e 28 vezes, respectivamente, mais elevado.
Impressionante!!...


Novo "pequeno" desvio, para a banda norte da linha de comboio (que há 10 anos não existia e que foi terminada oficialmente há dois meses).
Passagem junto à 'Escola Missionaria Católica nº 134, Santa Cruz - Canhe'.
Eram 8 e meia da manhã, tempo para uma futebolada ;)



Rua das antigas residências dos funcionários dos caminhos de ferros.




Nesta última casa, que se destacava, nitidamente de algum posto mais graduado, notava-se a destruição provocada pelos ataques militares...


Chegados à área mais central de Huambo, passamos no antigo estádio do Sporting, com o seu campo de futebol pelado, piscinas e trampolins de mergulho.
O seu visível estado de destruição não impedia o jogo que acontecia, com os jogadores "trajados" a rigor (embora a mistura de cores das camisolas fosse muito "africana" ;)




E era precisamente por ali, no centro, onde os registos de maior destruição pela guerra eram mais visíveis...





Nos edifícios que ainda não tinham tido intervenção, eram bem, muito bem notórias as marcas dos tiroteios...




Dois dos edifícios que mais impacto causavam eram estes dois.
Quer pelo tamanho, quer pelo grau de destruição (provavelmente por serem altos, seriam ocupados como torres de vigia e portanto mais atacados...)
Segundo notícias recentes, este último, prédio da Fapa, que é habitado, será demolido. Não por estar em más condições estruturais (embora aparente!...) mas por más condições de saneamento.



Para terminar o post com uma nota mais positiva, aqui ficam duas imagens da Sé Catedral de Huambo, bem branquinha e recuperada.



04 janeiro 2020

Angola - #8.1

Quase 10 anos depois de realizada a viagem..., valerá a pena continuar com a narração?
Claro que sim...
... será?...
Sim! Sem dúvida!

Ainda que com um intervalo tão longo, basta olhar para as fotos, o filme do dia, que as memórias vão surgindo. Algumas muito vívidas, outras nem tanto.
E passado (também) um longo intervalo desde a última entrada sobre este assunto, em dezembro de 2017, apeteceu-me voltar a olhar para as fotografias desta viagem...

A primeira constatação é de que, passados 10 anos, o meu "olhar" não é o mesmo.
O foco da observação cai em pormenores que não me recordo de ter pensado na altura.
A segunda é de que Angola mudou muito. Primeiro para cima, depois para baixo.
Houve melhorias significativas naquela altura, mas nos últimos anos houve fortes retrocessos. Afirmo isto pelas alterações visíveis na comparação entre as minhas fotos e as actuais do Google (aéreas, porque à data não existe Street View em Angola) mas também nas notícias que vou consultando, nas pesquisas sobre os locais que visitei.
Mas o melhor é mesmo começar a narração...

No oitavo dia da nossa viagem despertamos cedo, em Huambo, antiga Nova Lisboa, ... e antes disso, antiga Huambo.
O hotel escolhido, o Ritz Roma, cumpriu para a noite e pequeno almoço, não tendo deixado qualquer memória para relato.



A manhã estava fresca, abaixo dos 20 ºC.
Clima ameno, típico da região centro-angolana, planáltica, "nas alturas". Em Huambo a altitude ronda os 1700 m!
No dia anterior, em Lubango, tinha sido muito semelhante.
Um dia perfeito para a viagem prevista, que ligaria Huambo a Luanda, com uma distância a passar dos 600 km...

As imagens seguintes foram feitas ainda no hotel.
A primeira para a frente, a segunda para trás, para a plataforma aterrada da linha de comboio de Benguela, que estava a ser reconstruída.



A saída do hotel fez-se por volta das 7 e meia e o primeiro objectivo era circular e conhecer alguns dos principais pontos da cidade, bem como os locais onde o meus sogros habitaram, estudaram e trabalharam (ele trabalhava em Angola, em 2010).

A primeira deslocação foi à zona industrial de Chiva, a nordeste do centro da cidade.
Pelo caminho, passagem pela igreja da paróquia de São João, com a sua curiosa torre.


... e por alguns apontamentos Sasukianos :)


A estrada que dá acesso à zona industrial tinha abatido recentemente, quase até meio.
É um ponto que me recordo com muita clareza, pois já na altura achei muito "curiosa" a forma de assinalar o "ligeiro buraco".
Ao explorar agora, verifiquei que o abatimento tinha sido mesmo recente, pois na foto aérea de março de 2010, este ainda não existia...


Abandonado, o 'Grémio do Milho'.
Se tinha ficado com dúvidas, na viagem de Ganda até aqui, se as grandes plantações de cereais que se viam seriam de milho, aqui fiquei esclarecido.
Encerrado, muito provavelmente durante o período da guerra civil, só encontrei registos online sobre ele em fontes dos anos 30 e 40, em notícias e relatórios de produção agrícola da colónia portuguesa.


Um pouco à frente, o nosso primeiro objectivo: a passagem pela fábrica da Cuca (Companhia União de Cervejas de Angola).
Conhecida principalmente por ser a cerveja de Angola, o grupo Cuca, criado por um português, esteve, no entanto, ligado a várias outras áreas, até à produção de óleos essenciais, para perfumes (de vetiver).
Tinha sido ali que a minha sogra trabalhou no início dos anos 70.


Quando lá passamos, a fábrica aparentava estar a funcionar... mas pouco.
Percebi agora porquê. 
Tinha encerrado em 1991 e em 2009 tinha arrancado novamente, em fase de teste.
Apenas em Novembro foi reinaugurada, agora como 'Nova Companhia de Cerveja do Huambo' (NOCEBO). 
 As notícias mais recentes não são, no entanto, nada animadoras... A perda do poder de compra dos angolanos, nos últimos 3 anos, provocou uma perda brutal na produção, sendo apenas de 25% do que já foi.
Como curiosidade, registo ainda o facto de toda a matéria-prima (lúpulo, malte, milho e arroz - à excepção da água, imagino ;) ser importada da Europa e da África do Sul...



Mesmo em frente à Cuca, a fábrica da Coca-cola que, provavelmente, nos seus inícios, pertenceu também ao mesmo grupo, pois também produziam/engarrafavam águas e refrigerantes.


Mesmo ao lado, outro registo que achei interessante, pois naquele dia andava com uma t-shirt com o logótipo da Yamaha: a fábrica de bicicletas e motociclos Ulisses.
Mais uma que estava com aspecto de estar "semi-aberta", o que se confirma.
Reinaugurada em 2003, tinha a produção encerrada, funcionando só como oficina de reparação.
Nesta data, aparentemente está a produzir, mas só bicicletas.


De volta à cidade, pelo mesmo caminho.

Passaram-se 10 anos, mas é impressionante a evolução que verifiquei ter acontecido nesta área, através das fotografias aéreas do Google!

 
Mas é verdade, em 2010, os guindastes de construção já lá estavam montados!