06 agosto 2016

A realeza passeia-se

Nada como as férias para um tempinho extra para publicação...

Aranjuez, a sul de Madrid, visitado em dois dias.
Terra pequena, "entalada" no vale dos rios Tejo (Tajo, como por lá se diz) e Jarama, sempre com história de realeza como cenário.





Muy, muy caliente!!!
A região de Madrid esteve esta semana com temperaturas escaldantes, sempre acima dos 36 ºC.
No dia que lá cheguei estavam uns tórridos 39 ºC.
Só de manhã dava para circular, pelo que aproveitei para acordar bem cedo e deambular pelas calles e jardines da turística cidadezinha.
De tarde... havia a siesta, debaixo de ar condicionado ;-)





Se há uns tempos passei por Laguna del Duero, junto a Valladolid, onde admirei o riozinho que o Douro é por aqueles lados, aqui foi mais ou menos a mesma coisa: o rio Tejo é ainda um rio infantil.
Deu-me a ideia que o rio Jarama tem, na sua foz, a cerca de 1 km a jusante de Aranjuez, um caudal superior ao do Tejo...



A "vista do alto", de sul para norte, onde se percebe o verde vale, parecendo um oásis no meio das planícies áridas, que se estendem por dezenas de quilómetros.
Ao longe ainda se distinguem as torres mais altas de Madrid (a cerca de 50 km de distância) e toda a cordilheira da serra de Gredos.
Este sítio não aparece na informação turística disponibilizada, mas devia!
Puramente por acaso, percorri a "Senda Botánica, Jardín de los Yesos", ou seja, uma pista criada no monte Parnaso para desfrute paisagístico, com informação das espécies botânicas.
Está é abandonado e muito mal tratado... Ainda assim, tem uma paisagem de 360º que vale muito a pena a subida.


Se a história de Aranjuez está muito ligada ao palácio real, construído há cerca de 250 anos e usado apenas pelo rei que o mandou construir e pelo seu filho, a cidade desenvolveu-se muito a meio do século XX à custa da indústria que por lá se implementou.
A linha férrea teve muito a ver com este desenvolvimento industrial, mas, como em Portugal, deixou de ser importante depois da implementação da rede viária. Assim, a vila aparenta estar num estágio de transição. A indústria foi-se quase toda, deixando muita coisa ao abandono no centro da localidade...
Sobram uns poucos pormenores que precisam de ser "pescados".




E se agora nos queixamos do desgoverno e dos dinheiros mal gastos... nesta altura era igual, se não ainda pior.
Como é que um rei se lembra de construir um palácio gigantesco apenas para passar umas férias de Primavera?!?...
Não admira, portanto, que tenham sido expulsos passado muito pouco tempo e que tenha entrado, a seguir, uns governos republicanos, "castradores" e ditatoriais.
E a seguir? Esbanja-se novamente. E a seguir? Políticas de austeridade. E a seguir?...
Bem, é melhor ficar-me pelas paisagens, pois foi isso que sobrou.




E se Aranjuez para mim era nome de auto-rádio (MX Onda, montado por mim no Seat Ibiza, no já longínquo ano de 1993...) passou agora a ser sinónimo de calor, arcos, jardins, palácios e... de gás.




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