31 dezembro 2017

When the saints go marchin'in

Finalizando o ano em duas rodas, a São Silvestre do Porto.
A atlética equipa do Moto Clube do Porto, feitos santos em acção.




Esta prova é, sem dúvida, a mais animada do ano desportivo.
Catorze mil inscrições!!
Muitos atletas, alguns profissionais a maioria de ocasião, a correr e/ou a caminhar.
Mais pessoas ainda a assistir, a aplaudir, pelas ruas, ao longo dos 10 km de prova.



Passando na praça do Marquês, o ponto mais elevado do percurso.
Estávamos a cerca de 3,5 km de prova e a passagem do primeiro classificado foi feita em pouco mais de 11 min. Impressionante, considerando que até ali é (quase) sempre a subir!



A primeira mulher, a ser seguida por um camera man, em cima de uma das "nossas" motos.


Em noite fantástica para a prática desportiva (não chovia, não havia vento, não havia frio), a Africa Twin mais uma vez carregou o pesado equipamento da equipa médica, Julieta e Pedro.
Não se queixou muito ;)



Em novos pontos de paragem:
Em Cedofeita, mesmo em frente à Escola Secundária Rodrigues de Freitas e...


... em frente ao Museu Nacional Soares dos Reis.


A chegada, para uma prova destas, é que escusava de ser tão demorada...
Como é que se demora quase 2 horas para fazer 10 km a correr, se eu a caminhar consigo fazer menos de uma hora e meia??...


Estava chegada a hora do jantar.
É nesta prova que, tradicionalmente, há uns largos anos, a equipa se reúne para um jantar de festa.
Este ano fomos ao bacalhau com puré (que por sinal até soube muito bem!) logo ali na Avenida do Aliados.
Uma rica e frutuosa confraternização, entre amigos.

Tchim, tchim!
Que o ano de 2018 volte a ser tão rico como os anteriores.





12 dezembro 2017

... pois é, não deu!...

... não deu para participar, a correr, na 60ª Volta a Paranhos!

Depois de 3 meses de treino de corrida, onde até já tinha atingido uns registos, para mim, muito bons, lesionei-me...
Tive uma lesão típica dos corredores: ruptura (ainda que parcial) do tendão de Aquiles.
"Frágil, sinto-me frágil!"

Mas ainda deu para acompanhar a "minha" equipa, o Moto Clube do Porto, de Africa Twin ;)

Fica o registo fotográfico.










A trabalhar à porta do trabalho ;-))


01 dezembro 2017

Angola - #7.7

E finalmente, o sétimo e último post relativo a este sétimo dia por terras do interior angolano.
Um dia com uma alvorada ainda em horas nocturnas, que nos levaria de Lubango a Huambo.

Cerca das duas e meia, depois do almoço, arrancávamos de Ganda. 
Esta foi, no final da época em que Angola ainda era colónia ultramarina portuguesa, o centro de uma forte região agrícola, de produção de sisal, café, ananás, eucaliptos... Estes últimos alimentavam a maior indústria da região, a produção de papel, encerrada pela guerra.
Tudo isto, segundo notícias recentes, está de novo a ser reconstruído.

O que dava para perceber, enquanto saíamos da cidade, eram as enormes plantações de cereais, aparentemente milho.


Saímos de Ganda com uma visita importante para fazer.
Uma visita que implicou um desvio de cerca de 15 km, para norte, que nos fez percorrer algumas picadas pelo meio da savana.



Depois de uns belos trilhos, entrávamos na Missão Católica de Nossa Senhora de Fátima, em Ndunde.
Esta missão, criada há precisamente 90 anos pelo governo português com o intuito de evangelização, passou a ser também, a meio do século passado, creche e escola, prestando ainda cuidados médicos.
Ao pesquisar sobre esta missão percebem-se as muitas e sérias dificuldades porque passou ao longo do período de guerra civil.
Tendo encerrado no início da década de oitenta... só reabriu em 2003...




Actualmente, o clima que se vive ali é de paz.
São muitas as crianças criadas pelas simpáticas irmãs missionárias saletinas, com quem falamos. Mas são também muitas as necessidades da missão. Sabendo disto, os meus sogros, que já conheciam a missão de outros tempos, passam (passavam) por lá de vez em quando para deixar uma palavra e, mais substancialmente, uma "notinha".


Hora de nos pormos ao caminho novamente.
E caminho, sendo picada, é comigo mesmo ;)
Registo do nosso Toyota Fortuner a cruzar duas pontes, feitas com troncos de madeira.
Daqui, agora, até parecem robustas. Lá não pareciam tanto...
Mas se estas eram, em 2010, o maior perigo, o que dizer de apenas 4 anos antes, onde o perigo era mesmo explosivo, devido às muitas minas por ali espalhadas?!?!



Voltando à estrada... voltamos rapidamente a dela sair.
Mais um (pequeno) desvio feito para passar por Alto Catumbela, uma vilazinha com história para o meu sogro.
Uma vilazinha "criada de raíz" em torno da fábrica da Companhia de Celulose e Papel de Angola, inaugurada em 1958. E se a região já foi conhecida pelas plantações de eucaliptos, em 2010... nem vê-los.
Companhia de celulose... faz lembrar Cacia e o seu forte mau cheiro e poluição.
Grandes doses de poluição... que seriam garantidamente despejadas para o rio que passa mesmo ao lado.
O rio Catumbela, que desagua em Lobito, cheio de lavadeiras nas suas margens.



Do lado nascente do rio destaca-se, ao centro de um enorme e plano rochedo, a igreja.
Construção com uma arquitectura "moderna", que é como quem diz, de meados do séc. XX.

Como em todas as localidades que tínhamos percorrido neste dia, via-se imensas crianças.
Soltas, às vezes sozinhas, às vezes aos pares, sempre em movimento.


Também em movimento, as mulheres. Em pé ou sentadas, fazendo farinha.
Lá ao longe, o registo fotográfico não ficou como o desejado, mas é uma cena tão típica desta região que não podia deixar de a colocar aqui.
Homens... não vi, à excepção de um ou outro a pescar no rio.


Também ao longe, a fábrica de papel.
Uma fábrica destruída pela guerra em 1983, mas também pelo fogo, principalmente o que ocorreu uns meses depois de ter por lá passado, em 2011.
Nessa altura, os produtos (muito) tóxicos que ainda subsistiam, estavam em risco de contaminarem toda a região...
Como curiosidade, em informação surgida nas pesquisas efectuadas sobre esta fábrica, percebi que depois da saída dos portugueses de Angola, entre 1977 e 83, esta fábrica foi gerida por checoslovacos, que acabaram raptados pela UNITA...

Actualmente, as notícias são bem mais animadoras.
Juntamente com uma série de projectos de reanimação da agro-pecuária da região, está na calha a recuperação desta indústria.
Mas ainda vai demorar, porque mesmo que plantem rapidamente os eucaliptos necessários... ainda vão demorar uns anitos para crescer o suficiente.


Em torno da fábrica fica a zona habitacional de Alto Catumbela, dividida em 3 bairros logo à sua nascença. Está parcialmente abandonada, ou ocupada de uma forma pouco formal (para não dizer totalmente desorganizada...)
Mas aqui, o que mais me impressionou foi ver (as primeiras) casas cravejadas de projecteis de armas pesadas.
Era notória a destruição provocada pela guerra...



O dia não acabou por aqui... mas a bateria da Nikon sim, fruto do esquecimento de a carregar na noite anterior...
"Comé qué possível???"
Mas foi. Com muita pena minha!

De Alto Catumbela a Huambo não houve mais registos fotográficos, mas devia, principalmente no último "desvio" que fizemos, ao alto da Nossa Senhora do Monte da Caála. Um local aálto, com umas vistas panorâmicas de 360º.

Assim, dou por terminado o relato deste longo sétimo dia de viagem por Angola.
"Amanhã" vamos conhecer Huambo.

19 novembro 2017

Angola - #7.6

Dia looongo este, mas que na realidade ainda ia praticamente a meio...
Por volta da clássica hora de almoço, chegamos àquela que antigamente foi conhecida como Vila Mariano Machado, a cidade da Ganda.
Esta é o centro de um município que faz fronteira com as províncias de Huambo e de Huíla,  e conta com cerca de 300 mil habitantes, nitidamente muito jovens.




São várias as notícias que apontam para o desenvolvimento industrial e económico do município da Ganda, mas a realidade, em 2010 era de uma cidade que tinha estagnado nos anos 70, onde apenas aqui e ali se via alguns sinais de reconstrução.
Por outro lado, já não eram muitos os edifícios que mostravam sinais da guerra, que tinha terminado apenas 8 anos antes.

A escola secundária e o hospital são dois edifícios, nitidamente do período português, recuperados e em funcionamento.
No entanto, talvez não fosse ainda tempo de testar o nível de funcionamento deste hospital...




Foi por aqui que o meu sogro viveu uma parte da sua vida, enquanto jovenzinho.
O sentimento de proximidade ao local era forte e a facilidade, e vontade, de explorar alguns sítios era grande.
Alguns sítios que eu, normalmente, não atravessaria. Nesta viagem, no entanto, passaram a sê-lo.



A cidade da Ganda foi mais uma das pequenas localidades que nasceu e cresceu devido à passagem da linha de comboio, o Caminho de Ferro de Benguela, que atravessa todo o país, ao longo de 1300 km.
Há cerca de 100 anos, os primeiros portugueses que se instalaram na região foram um pouco mais para o interior, dada a abundância de água e assim usufruir de melhores condições de produção agrícola.
Com o comboio, e também a estrada, a passar mesmo ali, houve um deslocamento da população para a vila, que foi crescendo.
Esta ligação é muito notória pelo alinhamento das casas, que têm uma distribuição ortogonal relativamente à linha.




Mas se era assim há 50 anos, agora continua a ser.
Em 2010 o comboio ainda não passava por ali, pois o troço até Huambo só foi inaugurado em 2011, mas a população reúne-se, em pequeno comércio e indústria, à sua volta.
Estruturas bastante precárias, com estacas de madeira e telhado de chapa de zinco, garantem abrigo para (quase) tudo o que se possa precisar por ali.




Lixo? Sim, muito e por todo o lado.
Algo de preocupante a vários níveis e que demonstra a falta de organização (e de meios?...) municipais.
Mas as duas fotos seguintes, mais do que o lixo, mostra um levantamento de pó e areia, quase do nada, que apareceu de repente e que desapareceu quase com a mesma velocidade.
Um vento forte, que varreu a terra durante alguns segundos e que incomodou a sério. A nós, dentro do carro, bastou fechar os vidros, mas os dois miúdos que se vê na primeira fotografia correram a bem correr...



Do lado norte da cidade (norte, relativamente à linha de comboio) ficava (fica?) a zona mais desenvolvida.
Além de grandes avenidas, mais uma vez todas paralelas à linha de comboio, onde foram construídas as casas da população mais endinheirada, registo de quatro edifícios que se destacam.

O primeiro, um edifício muito interessante arquitectonicamente, que foi difícil perceber o que era... mas cheguei lá...
Pela torre, que se destaca da fachada, diria que se tratava de uma igreja, mas não. É o edifício dos Paços do Concelho.


O segundo, já recuperado, consegue-se facilmente perceber o que é, pela inscrição frontal: Policlínica 26 de Julho.


O terceiro, a antiga igreja cristã.
Não cheguei ao ano da sua construção, mas dada a informação inicial sobre a origem de Mariano Machado, diria que será do primeiro quartel do séc XX...


O último, a escola primária nº 37.
Este também tinha sido um edifício recuperado muito recentemente pois em 2008 ainda estava fechado e sem telhado.


E foi por aqui, numa das largas avenidas, que almoçamos.
Num quiosque/esplanada, coberta por chapa e instalada num descampado, que comemos umas boas sandes mistas acompanhadas por umas fresquíssimas Super Bock.
É que se para comer a oferta não era muita, para beber... era só escolher. Cerveja, sumos e vinhos, portugueses.
Todos os dias Angola me surpreendia...


O que por esta altura já não me surpreendia era a enorme quantidade de crianças que se via.
No entanto, estas duas fotografias, feitas mesmo à porta do "tasco" onde almoçamos, não deixavam de ser algo raro: crianças que posavam para a fotografia.
Também curioso, muito curioso, o facto do menino ter vestida uma camisola, já muito coçada, do Porto.
Do FCP, carago! (ui, carago não, carago ;)



Barriga mais aconchegada, continuamos viagem em direcção a Huambo...

... mas não antes de um novo desvio, que ficará para a próxima ;)